Tecnologia

Uma crise 'quase inevitável' está no horizonte – e a culpa é da IA

OLHAR DIGITAL/PEDRO BORGES SPADONI


A concentração de poder nas plataformas de inteligência artificial (IA) traz riscos crescentes para a estabilidade financeira do mundo. Esse foi o alerta do presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), Gary Gensler.

Em entrevista ao Financial Times, Gensler instou os reguladores a encontrar rapidamente uma maneira de lidar com esses riscos relacionados à IA. Segundo ele, sem uma intervenção ágil, é “quase inevitável' que a IA desencadeie uma crise financeira daqui, no máximo, dez anos.

O presidente da SEC enfatizou que a regulamentação da IA apresenta um desafio notável para os reguladores dos EUA. Isso porque os riscos abrangem os mercados financeiros e emergem de modelos desenvolvidos por empresas de tecnologia que operam fora do escopo dos órgãos reguladores de Wall Street.

Gensler apontou que a regulamentação atual, mesmo se atualizada, ainda não abordaria o desafio horizontal colocado pela IA. Ele questionou quantos provedores de nuvem – que muitas vezes fornecem IA como serviço – estão disponíveis no país.

O presidente também destacou que os reguladores globais estão enfrentando a complexa tarefa de policiar a IA, uma vez que grupos de tecnologia e seus modelos não estão naturalmente submetidos a órgãos reguladores específicos.

A União Europeia agiu rapidamente, elaborando medidas rigorosas para o uso de IA, enquanto os EUA avaliam quais aspectos da tecnologia exigem nova regulamentação e quais já estão sujeitos à legislação existente.

Embora a IA já esteja em uso em Wall Street, Gensler expressou preocupações de que partes dependentes dos mesmos modelos de dados possam criar um comportamento de manada prejudicial à estabilidade financeira.

Isso poderia desencadear a próxima crise, segundo o presidente da SEC. Ele advertiu que uma crise financeira relacionada à IA poderia ocorrer já no final da década de 2020 ou no início dos anos 2030.