Professora de medicina é afastada após denúncia de importunação sexual na UFGD

Universidade Federal da Grande Dourados frisa que medida preventiva não tem natureza punitiva, com o objetivo de proteger os envolvidos no caso

CORREIO DO ESTADO / LEO RIBEIRO E KARINA VARJãO


Listada na denúncia de importunação sexual, o nome da docente veio à público através da portaria, porém, certos procedimentos correm em caráter sigiloso.  - Reprodução/UFGD

Após as alunas do curso de medicina denunciarem um suposto caso de importunação, registrado na noite de 09 de junho na casa de uma das professoras da Universidade Federal da Grande Dourados, a servidora foi afastada temporariamente enquanto o caso é melhor investigado. 

'Esse afastamento foi informado pela Corregedoria da UFGD para as chefias da servidora no Hospital Universitário, na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) e na Pró-reitoria de Gestão de Pessoas, e é uma medida preventiva que tem natureza acautelatória e não punitiva, com o objetivo de proteger os envolvidos no caso', esclarece a UFGD em nota. 

Como acompanhado pelo Correio do Estado, com base na denúncia de importunação sexual, longe cerca de 230 quilômetros da Capital do Estado, esse caso teve início após quatro alunos irem até a casa de uma das docentes do curso. 

Conforme a Instituição, as providências aram a ser tomadas logo que a UFGD tomou ciência do ocorrido, em 10 de junho, data que marca a publicação de portaria determinando o afastamento indeterminado da servidora em boletim oficial de atos istrativos. 

Listada na denúncia de importunação sexual, é importante frisar que o nome da docente veio à público através da portaria, porém, certos procedimentos correm em caráter sigiloso. 

Relembre

Justamente o que era para ser um encontro de atividades acadêmicas, para realização de uma avaliação, tornou-se uma situação constrangedora a partir do momento que as jovens chegaram à residência. 

Uma vez no endereço, antes que a professora aparecesse, as quatro jovens foram recebidas por um idoso, de aproximadamente 70 anos, que estaria vestindo apenas uma cueca. 

Com a professora pedindo desculpas pelo ocorrido, as jovens foram convidadas a entrar e aguardar na sala da residência, onde novos atos suspeitos teriam ocorrido. 

Conforme denúncia, um jovem entre 25 e 30 anos - que a professora disse ser filho diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) - chegou na sala. 

Esse homem teria abraçado as acadêmicas pelas costas, beijando cada uma delas, com uma das vítimas alegando inclusive ter sido beijada na boca. 

Uma dessas jovens, inclusive, tentou se desvencilhar da investida do indivíduo, alegando que teria namorado, momento em que o jovem insistia e até mesmo dizia: 'quanta mulher bonita, quero tirar foto com elas”.

Em relato, as acadêmicas disseram que a própria professora teria presenciado a cena, porém sem intervir, até o momento em que disse para outra pessoa da casa que tirassem o indivíduo do local. 

A professora teria pedido desculpas e, mesmo abaladas, as jovens chegaram a concluir a tal avaliação no local, com correção por parte da docente que teria reforçado possibilidade de 'voltar e refazer' caso alguma delas não estivesse satisfeita com a pontuação dada. 

Medidas da UFGD

Das ações tomadas pela Universidade, a UFGD sinaliza que acolheu as vítimas através da chamada Corregedoria, que integra a Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio (EA). 

Por meio da EA foi oferecido apoio psicossocial e atendimentos às necessidades das quatro acadêmicas envolvidas, pela escuta qualificada e a tomada de medidas para a minimização de danos acadêmicos.

Sobre o porquê as vítimas estavam fazendo avaliação na casa da docente, a UFGD somente retomou a posição afirmando que a conduta não faz parte dos procedimentos regimentais da instituição. 

Além disso, eles fazem questão de ressaltar que qualquer  atividade feita nesses moldes 'não tem respaldo institucional, será devidamente investigada e, caso confirmada, será ível de punição conforme as normas vigentes'.

Em complemento, é citada abertura de Procedimento istrativo Disciplinar (PAD), que como afirmado acima corre em caráter sigiloso. Por meio desse instrumento as possíveis irregularidades serão apuradas. 

Tal apuração é feita por comissão específica, que reunirá evidências, depoimentos e garantirá a ampla defesa à servidora e acompanhamento de profissional da advocacia. 

Todo esse processo resulta em um parecer com as devidas conclusões sobre o caso e, caso sejam confirmadas ações de importunação sexual, será responsável por aplicar a penalidade cabível. 

A UFGD reforça que, semelhante à maioria das instituições públicas brasileiras, a plataforma 'fala.br' serve para denúncia, reclamações, sugestões e solicitações por parte dos alunos que notarem métodos incompatíveis e ações irregulares. 

Há ainda uma Ouvidoria da Mulher e da Diversidade operando na UFGD desde novembro de 2023, pela qual qualquer pessoa que assim desejar pode receber atendimento e acolhimento especializado. 

Interessados em pedir ajuda podem recorrer ao endereço eletrônico [email protected] e o WhatsApp (99182-0347), que apenas mulheres da ouvidoria possuem o. 

'A Reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) vem a público prestar informações sobre as ações realizadas diante da denúncia de importunação sexual envolvendo estudantes de Medicina na noite do dia 9 de junho de 2025.

As providências internas tiveram início assim que a UFGD tomou conhecimento do caso, no dia 10 de junho de 2025.

Entre essas providências, a Reitoria da UFGD realizou o afastamento, por tempo indeterminado, da professora acusada na denúncia de importunação sexual, por meio da Portaria nº 370 de 10/06/2025, publicada por volta das 13h, no Boletim Oficial de Atos istrativos da UFGD, nº 6469.

Esse afastamento foi informado pela Corregedoria da UFGD para as chefias da servidora no Hospital Universitário, na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) e na Pró-reitoria de Gestão de Pessoas, e é uma medida preventiva que tem natureza acautelatória e não punitiva, com o objetivo de proteger os envolvidos no caso.

Entre as providências internas, destaca-se que o acolhimento às vítimas foi a primeira medida tomada pela Corregedoria, que integra a Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio (EA), incluindo o oferecimento de apoio psicossocial e demais atendimentos às necessidades das acadêmicas, com escuta qualificada e a tomada de medidas para a minimização de danos acadêmicos.

Em relação à aplicação de avaliações na residência da professora e fora dos espaços determinados pela Universidade, a UFGD esclarece que esse tipo de conduta não faz parte dos procedimentos regimentais da instituição.

Qualquer atividade docente realizada nesses moldes não tem respaldo institucional, será devidamente investigada e, caso confirmada, será ível de punição conforme as normas vigentes.

Informamos ainda que o Processo istrativo Disciplinar (PAD), que tem caráter sigiloso, já foi instaurado pela instituição e será responsável por apurar possíveis irregularidades e, se confirmadas, aplicar as penalidades cabíveis.

A apuração é conduzida por uma comissão designada, que reúne evidências, escuta depoimentos e garante ao servidor investigado o direito à ampla defesa e ao acompanhamento por um advogado.

Ao final da investigação, a comissão elabora um parecer detalhado com as conclusões sobre a conduta e a eventual responsabilidade do servidor.

Esse parecer é encaminhado à autoridade competente (reitor), que analisará as informações e decidirá sobre a aplicação das penalidades, que podem variar conforme a gravidade da falta e incluem advertência, suspensão ou demissão.

Quando os estudantes perceberem métodos irregulares ou demais ações equivocadas dos professores, a Ouvidoria é o setor responsável por receber reclamações, sugestões, denúncias, solicitações e elogios dos usuários dos serviços públicos prestados pela UFGD.

A principal ferramenta para o registro das manifestações do público, assim como acontece na maioria das instituições públicas brasileiras, é a plataforma Fala.br.

Além dela, desde novembro de 2023, a UFGD possui a Ouvidoria da Mulher e da Diversidade, oferecendo a oportunidade das mulheres, ou qualquer pessoa que assim desejar, de receber atendimento e acolhimento especializado de uma mulher.

Para isso foram criados o e-mail [email protected] e o WhatsApp (99182-0347), aos quais apenas as mulheres da Ouvidoria possuem o, preservando ainda mais a identificação da vítima. A Ouvidoria também conta com a presença constante de, pelo menos, uma mulher para fazer o acolhimento presencial ou através do telefone institucional.