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Após desprezar Anistia, IRA! se apresenta em Dourados

Banda escolhe cidade com mais de 60% de votos pró-Bolsonaro para turnê

JORNAL O PRECURSOR / ANDERSON MORAES MOREIRA


Foto: Publicado pelo blog do cardosinho

 

Mesmo após cancelar shows no Sul por atacar a anistia, banda escolhe cidade com mais de 60% de votos pró-Bolsonaro para dar início à turnê “Acústico 20 Anos”

A banda IRA! chega a Dourados (MS) no próximo dia 25 de abril, para uma apresentação que marca a estreia da turnê "Acústico 20 Anos", celebrando duas décadas de um dos álbuns mais importantes de sua carreira.

VOTOS 2º TURNO DOURADOS 2022 - Dourados pode ser considerada uma cidade conservadora e bolsonarista.

 

O que era para ser apenas um show nostálgico, porém, vem carregado de controvérsias: a banda se apresenta após uma série de cancelamentos no Sul do país provocados por declarações políticas de seu vocalista, Nasi, que criticou publicamente a anistia concedida a envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

A fala do artista, vista por muitos como uma afronta ao devido processo legal e à pacificação nacional, gerou forte reação entre produtores, fãs e lideranças políticas. Alguns eventos foram cancelados, e o produtor responsável por parte da turnê relatou à Rolling Stone Brasil um prejuízo superior a R$ 100 mil.

A notícia é do jornal A Cidade, de Votuporanga:

 

Em vez de recuar ou se retratar, a banda manteve o tom — e escolheu justamente Dourados, cidade onde mais de 60% da população votou no ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022, como ponto de partida da nova turnê. A escolha causou surpresa: como uma banda que ataca o sentimento de boa parte da população, defendendo punições desproporcionais e desprezando a anistia — um princípio consagrado em diversos momentos históricos do Brasil — pretende ser bem recebida em um município majoritariamente conservador?

A liberdade de expressão deve ser protegida, inclusive para artistas. No entanto, ela vem acompanhada de responsabilidade. Atacar o princípio da anistia, diante de uma sociedade que em sua maioria clama por equilíbrio, paz e respeito às liberdades democráticas, é um desserviço. O palco deve ser espaço de cultura, não de afronta. Em Dourados, a expectativa é que a arte não se sobreponha à consciência popular.