"Gostaria de convidá-lo para ser meu vice", diz Bolsonaro a Moraes

Ministro do STF riu e negou o pedido; o ex-presidente está inelegível até 2030

PODER360 / EDUARDA TEIXEIRA / FERNANDA FONSECA


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030, brincou nesta 3ª feira (10.jun.2025) com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o convidou para ser o seu vice na chapa para a Presidência em 2026.

Antes da brincadeira, Bolsonaro disse que pretende ir Rio Grande do Norte e perguntou a Moraes se ele gostaria de ver fotos de como ele é tratado pelas pessoas nas ruas.

“Se quiser, posso te mostrar as fotos de como o povo me trata nas ruas', disse Bolsonaro. Moraes respondeu: “Eu declino”. Na sequência, o ex-presidente perguntou se poderia fazer uma brincadeira. O ministro respondeu, em tom descontraído: “Eu perguntaria aos seus advogados'.

“Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 26?', disse Bolsonaro. Moraes riu e negou o pedido: “Eu declino novamente”.

O ex-presidente depõe ao STF nesta 3ª feira (10.jun) na ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-chefe do Executivo é acusado pela PGR (Procuradoria Geral da República) de liderar o movimento golpista.

A 1ª Turma do STF começou na 2ª feira (9.jun) a interrogar os réus do núcleo crucial na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.

Os interrogatórios devem ser finalizados até a 6ª feira (13.jun). O 1º a ser ouvido foi Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus estão sendo interrogados na sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida assim para que todos tenham conhecimento do que o delator falou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.

Todos os réus do núcleo são obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.

Depois de terem sido interrogados, os réus não precisam mais comparecer. O único do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.

Os interrogatórios fazem parte da etapa de instrução criminal –momento de produção de provas. Já foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais que forem solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

Eventuais diligências para esclarecer algum fato apurado durante a instrução também podem ser realizadas. Só depois dessa etapa é que a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes preparará o relatório final para o julgamento.

Os interrogatórios são transmitidos no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também faz a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o interrogatório de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu o de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.

Até esta 3ª feira (10.jun), falaram: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, o Almir Garnier, Anderson Torres e general Heleno.